quinta-feira, 12 de maio de 2016

No silencio suspenso do ar,um tremular de lágrima no canto do olho,parecia soltar-se,docemente e, escorrer pelo rosto angélico de  Esmeralda,estirada no sofá da sala,em frente à janela escancarada perante o seu olhar,
no céu movimentavam-se ataviadas nuvens indo acastelarem-se num canto do céu,num vai e vem constante
em frente no jardim bandos de pássaros esvoaçavam sobre as árvores,numa alegre chilreada misturando-se com as gargalhadas inocentes das crianças,de súbito um ruído vindo não se sabe de onde,despertou-lhe a atenção, era quase impercetível, parecia o ruído dum trovão,levantou-se de um salto,correu para a janela para a fechar,tinha medo das trovoadas e dos relâmpagos,numa tarde afogada de calor quando a trovoada os tinha apanhado de surpresa ela e o amigo correram para debaixo duma frondosa árvore apavorados com o clarão dos relâmpagos ,o que seria feito do João por onde andaria ele?,desde esse dia nunca mais o tinha visto,engraçado como eram tão amigos quando eram crianças,estranho nunca mais ter sabido nada dele,pois ele sabia  a onde ela estava,ela é que não sabia dele,os pais foram-se embora,e ele nem sequer lhe foi dizer adeus,
Esmeralda nunca  saiu da aldeia,ficou sempre a cuidar dos pais,filha única criada  com muito carinho e cuidados, mas com pouca liberdade, fez os estudos na cidade,só vinha a casa nas férias,estudava num colégio de freiras,
Esmeralda era bonita delicada,porque razão nunca se casou? nem ela sabia responder a essa pergunta
no contacto com a vida,nunca se apercebeu que a juventude ia desaparecendo,numa tarde em que os estados de alma nos levam a questionar certas coisas da vida,deu-se conta que estava a deixar passar o tempo, que já não era a menina da casa dos plátanos,como um perfume subtil esparso e diluído,
veio-lhe à memoria um nome João! porque se lembraria agora dele, seria amor inocente que ficou guardo lá no fundo do inconsciente dela,nunca tinha questionado a razão pela qual nunca tinha sequer ter namorado,pois sentia que era feliz assim como estava,até aquele dia,
o nome João passou a ser  constante no seu pensamento ao ponto de se sentir incomodada,que diabo! porque não me sai da cabeça?sigilosas  conversas com ela mesma sugeriam que ela gostava do João sentimento nunca despoletado até aquele dia
a minha infância foi feliz tive carinho e afecto,mas agora sinto que me faz falta realizar-me como mulher,hoje estou convencida que quero mudar o rumo da minha vida,decidida arranjou-se sai de casa dirigiu-se ao cabeleireiro convicta disse, bom dia quero mudar o estilo do meu penteado,quero um corte de cabelo moderno,e simples,olhou se ao espelho e disse óptimo esta muito bonito,daqui em diante vou recomeçar uma nova etapa  da  minha vida,saiu sorridente  com o resultado da sua aparência pois ainda tinha belos traços da sua juventude,tinha consciência que agora começava a sentir o peso da solidão,tinha a certeza que queria partilhar a sua vida com alguém,a verdade que vamos sentindo dentro de nós