quarta-feira, 19 de abril de 2017

Olhei a noite que chega de mansinho
no meu quintal,onde nasceu um limoeiro
esgalgado,que faz parecer que está sempre
esfomeado,vive debruçado sobre o telhado
à espreita de qualquer coisa,mas apenas
vê os gatos que correm alegres e brincalhões
parece que aquela balburdia toda,lhe serve de,
alimento,recusa-se a dar limões,
não tem capacidades físicas para tal,quando passo
por ele até finge que não me ouve,pois eu pergunto-lhe
sempre se está bem,não me responde,limitasse a ondular
alguns dos seus esgalgados ramos,em danças sensuais
eu fico ali parada muitas vezes, a olhar para ele,
pois não é, que lhe tenho um carinho muito especial
talvez seja o seu aspecto frágil,que me comove
porque não corto eu este limoeiro,estéril e esgalgado
penso no machado dando ferozes machadadas no seu tronco
tão fragil,que lhe sinto as suas dores,e a seiva  escorrendo
como fosse sangue,deixando aquele corpo tão indefeso
prostrado no chão,olho para ele,com ternura,passo as mãos
pelas suas folhas,e elas libertam um aroma tão intenso nas minhas
mãos
em sinal de agradecimento,por eu o tratar como um ser vivo,e com
respeito,e eu gosto muito,do limoeiro,esgalgado,que nasceu no meu
quintal:

por ukymarques:
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terça-feira, 4 de abril de 2017

Dentro do tempo

mais tarde ou mais cedo
o rio sempre corre por onde
ele quer
apressado ou lento ele sempre
corre para o mar,escutando as
braçadas de espuma a cantar
presa nos meus olhos
estão as  lágrimas que não quero
chorar,
no beiral do telhado
estão suspensos os ninhos,
das andorinhas que todos os anos
hão-de voltar
a noite há-de também chegar
com as suas sombras a dançar
no patamar
também eu irei ao espelho do meu,
rosto corrigir  pequenos desgastes
que a ferocidade do tempo causou
a leve aragem das manhãs enevoadas
sussurrando queixumes, à revelia dos
meus dedos, falésias de magmas,
a transviar-me os sentidos, perdidos dentro do tempo



por uky marques:
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