sábado, 19 de março de 2011

Nas mãos levavas
um pedaço de mar
vi-te partir sentada nas dunas
vi o teu olhar na melancolia
das tardes outonais
as arvores quase despidas
as folhas no chão caídas
choravam a tua partida
letras esquecidas há muito
guardadas numa gaveta fechadas

palavras que ficaram por dizer
no silencio das noites escuras
facho apagado da chama que
ardeu palavras rendilhadas
pelos meus dedos bordadas

estrelas cadentes do ceu
são pendentes que eu trago
no colo meu
são lágrimas dos meus olhos
que os meus lábios bebem
com sabor a sal

é a dor sentida da saudade
da tua ausencia
é o frasco de perfume
no quarto fechado
no chão quebrado

são os restos da tua lembrança
na página do livro aberto
que ficou por acabar de ler
é o sabor que sinto na minha boca
dos teus beijos molhados
são gotas de orvalho

são lágrimas que o céu chorou
derramadas na terra arida
sulcada pelos meus passos
são grãos de sementes

na poeira do meu caminho
que o vento deixou
e que a saudade germinou
na busca de ti
são gritos de raiva do que ficou

por dizer são pedaços de tempo que
o tempo me tirou são águas
passadas do meu corpo destiladas são
lágrimas salgadas são pedaços de mar que nas tuas mãos levavas



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