segunda-feira, 13 de maio de 2013

A viagem:

Fechei os olhos a voz dela penetrou-me os ouvidos, ante-gozava  a suavidade da sua voz antes de ouvi-la,era doce e melodiosa como a água que corria docemente da cascata, onde a esperava sentado naquele lugar a que ela chamava o nosso refugio! corri feito louco como uma criança, quando o Júlio me entregou um papelinho a dizer para nos encontrar-mos no lugar que eu sabia,queria antegozar a sua demora, imaginá-la a arranjar um esquema bem arquitectado para que os tios não dessem conta dos nossos encontros clandestinos, olhei o relógio mais uma vez faz  duas horas que espero e Olga não vem! comecei achar estranho aquela demora tão grande,será que  ela não consegui sair de casa?pensei, já estava preocupado
o que seria dela se os tios descobrissem os nossos encontros,tão secretamente escondidos?(era evidente
que não a deixariam sair de casa)estava eu no alheamento e numa distancia tal que queria arranjar espaço dentro de mim para puder pensar no que teria acontecido, para ela não aparecer ao tão desejado encontro
porquê é que a Olga me abandonou naquele lugar a que chamava-mos o nosso refugio.
Ouvi uma voz por detrás  de mim cantarolando baixinho uma canção,voltei-me lentamente e vi uma senhora  de costas voltadas para mim,com um bebé que embalava no seu colo docemente na esperança que ele adormecesse,estremeci parecia que conhecia aquela voz! não não podia ser a minha Olga a mesma Olga que me deixara ali abandonado sabendo que eu a esperava tão cheio de amor.
Continuei a ler o jornal que tinha comprado para ver as noticias da agitação politica que o pais atravessava,a sociedade vivia numa grave convulsão económica,com as pessoas que vinham todos os dias das ex-colónias
sem condições económicas eram dias muito difíceis,pois a Olga e os tios eram os chamados retornados,que lutavam com dificuldade para se integrarem numa sociedade fechada como a nossa, aquela voz não me saía dos ouvidos,não conseguia compenetrar-me mais na leitura do jornal.
Dizia para comigo mesmo vou-me levantar arranjo uma desculpa para ver se é ela,mas não conseguia tomar nenhuma iniciativa,continuava ali alheado de toda a minha razão, somente ouvia aquela voz doce e melodiosa que teimava em ficar nos meus ouvidos.
Porque me tremem as pernas e o coração bate acelerado,como naquele dia junto à cascata?parecendo um salgueiro a quem cortaram os ramos e as cicatrizes continuam por fechar,quando o comboio chegasse de novo à próxima estação levantaria-me e perguntava-lhe se precisava de ajuda,não não podia ser ela com um filho nos braços?decididamente não era ela pensou,se fosse com certeza que ele saberia que ela tinha tido um filho! mas como poderia eu saber se nunca mais a vi e nem soube dela? as duvidas começavam a bailarem-lhe na sua frente poderia ser ela! pois naquele dia lindo de primavera em que saíram os dois dar um passeio pelos campos e descobriram aquele  lugar  idílico que os seus corpos se sentiram atraídos,
inebriados  pela pureza  cristalinas das águas que corriam livres da cascata embalando-os numa embriagues  de desejo se entregaram e se possuíram,loucamente sem entraves o mundo era todo deles,mais nada existia somente eles e o universo, que abençoava o seu amor numa entrega total livre  e apaixonada.
Estava absorto nos seus pensamento que nem reparou que o Comboio tinha chegado ao fim da linha,terminava a sua viagem,pois continuava nos seus devaneios!quando olhou viu que a senhora já tinha descido da carruagem, levando a criança ao colo e uma pequena mala na mão, apressou-se a descer tomou coragem e dirigiu-se a ela; a senhora precisa de ajuda? ela virou-se de boca entreaberta pela surpresa daquela voz que também conhecia e disse-lhe Álvaro??


por ukymarques:
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